sexta-feira, 22 de maio de 2009

Preparação

Preparei um café com grãos frescos, e uma fornada de biscoitos doces que estão na mesa da cozinha.
Acendi a lareira e coloquei umas almofadas lá na sala.
Joguei o antidepressivo no lixo junto aos livros de auto-ajuda.
Pra quando vocês chegarem.
Separei uns textos junto com as músicas que eram nossa trilha sonora, ara uma vez mais serem o plano de fundo do nosso encontro.
Tem também um álbum com fotos dos melhores momentos de nossas vidas para passarmos horas relembrando cada um deles.
Pra quando vocês chegarem.
Eu cortei o fio da campainha, tirei o telefone do gancho e desliguei o celular, desse jeito nada vai nos apressar muito menos atrapalhar.
Tirei o pó do tabuleiro de Imagem & Ação, comprei uma baralho novo e aprendi novos truques de videogame.
Pra quando vocês chegarem.
Peguei umas receitas, pra talvez quem sabe, a gente fazer um fondue de queijo ou chocolate.
Mandei que fizesse bastante sol para podermos fazer uma guerra de bexigas com água lá fora.
Mandei q depois começasse a nevar pra corremos pra dentro e ficarmos curtindo o friozinho.
Pra quando vocês chegarem.
Preparei uma lista de coisa que gostaria de dizer, junto a uma pá de desculpas que gostaria de pedir, e um rio de lágrimas de felicidade que irei chorar.
Pra quando vocês chegarem.
Quero que sintam como se nunca tivessem ido, pois de fato dos meus pensamentos, vocês nunca foram.

domingo, 10 de maio de 2009

O vento sopra e nada se move, outro indício de que o tempo realmente se estagnou. Barulho algum é ouvido, nem mesmo o abstrato parece quere se manifestar. Os pássaros não cantam os rios não correm as estrelas não brilham.
Em meu passo tímido sigo meu caminho para lugar algum ou algum lugar. Sinto todo peso do mundo em minhas costas, segundo a segundo repasso aquilo vivido até agora, vasculho meu passado e presente, procuro a razão de aqui estar, questiono-me a respeito de toda mentira que sempre da qual sempre me alimentei. As coisas estão confusas, turbulentas, insustentáveis, vejo meu castelo de cartas melhor dizendo de farsas desmoronar deixando apenas escombros.
Meus pés mecanizam minha caminhada e escolhem por si só os lugares favoritos da calçada. Estou a sete horas andando e creio q seja a quinta vez que passo pelo mesmo local. O celular toca, completando assim a décima sexta chamada ignorada, um bip nos fones de ouvido me informa a proximidade do fim das baterias. Trezentas milhas percorridas e nenhuma solução, motivo ou desculpa foi obtido.
Com quantas lágrimas se mede uma dor? Com quantos gritos se cura uma apatia? De quantos pedidos de perdão necessito para consertar toda uma vida? Por quantas horas ainda poderei fugir?
Sento-me a sombra de uma arvore e observo as ruínas de meu castelo de farsas, meio a elas em um vôo leve e lento, uma borboleta lilás se aproxima, para diante de mim, sorri e se vai ao mesmo instante. Como por magia sinto um feixe de luz se acende dentro de mim, e sem razão alguma aparente sorrio, e pela primeira vez no dia esqueço de tudo e consigo pensar apenas na borboleta lilás e em seu sorriso acolhedor, capaz de me tirar da fenda atemporal e sombria na qual me escondi. Aquela borboleta acaba de devolver-me ao mundo, e agora desejo fazer tudo diferente, desejo bases sólidas, concretas.